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Servidora denuncia chefe da Polícia Civil por assédio e diz que pediu proteção

por AMAFMG Agentes Fortes

Investigadora afirmou que foi vítima de abuso moral por parte da chefe da Polícia Civil; Letícia Gamboge negou que tenha cometido o crime

A investigadora da Polícia Civil Jaqueline Evangelista denunciou, durante audiência pública realizada pela comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta sexta-feira (7 de julho), que foi vítima de assédio por parte de dois colegas de profissão. Um deles não teve o nome revelado e a outra é a chefe da Polícia Civil, Letícia Gamboge. A servidora afirmou ainda que solicitou medida protetiva contra os dois por temer retaliações. Presente na reunião, Letícia negou que tenha cometido assédio contra a funcionária. Ela relatou durante o encontro, inclusive, que acolheu a servidora. A assessoria da Polícia Civil negou que exista medida protetiva em desfavor de Letícia. 

Jaqueline informou que é investigadora desde 2018 e que foi vítima de assédio moral e sexual no ambiente de trabalho. “Aconteceu em 2020, e eu tinha muito medo de falar, pois não adianta denunciar o assédio”. A denúncia da investigadora aconteceu na audiência motivada pelo suicídio da escrivã Rafaela Drumond, na região da Zona da Mata.

“Rafaela não estava errada nas falas dela. Trabalhamos numa instituição machista que não aceita mulheres. Somos recriminadas de todas as formas. Eu continuei trabalhando com quem me assediou. O meu delegado percebeu a minha mudança de comportamento e me pediu para falar o que estava acontecendo, mas eu não conseguia”, relembrou.

A formalização das denúncias aconteceu, segundo Jaqueline, depois que ela recebeu o apoio dos outros colegas de trabalho. “Eu não dava conta de trabalhar com meu assediador. Após falar com o delegado, ele me perguntou se sabia da gravidade da denúncia. Disse que sim, e ele conversou com o assediador, que confessou um dos casos”.

Após denunciar o homem, Jaqueline disse que descobriu outras mulheres vítimas do mesmo servidor. “O histórico dele é de assediar”. O nome do servidor não foi informado, visto que o caso está em segredo de Justiça. “Se Rafaela soubesse o tanto de denúncia que já fiz, talvez ela não teria se suicidado, pois ela não é a única. A impressão é que ela se sentiu sozinha. Eu tenho feito muito, em silêncio, para combater o assédio na Polícia Civil, pois a instituição está do lado do assediador”.

Jaqueline contou que, após denunciar os assédios, Letícia Gamboge passou a ser chefe dela no DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa). “Ela me tirou da minha delegacia, onde estava adaptada, acolhida e com todos ao meu lado. Eu estava na Delegacia de Homicídios do Barreiro. Era apaixonada (pelo local) e fui tirada da investigação pela doutora Letícia para trabalhar no administrativo”, disse.

A investigadora contou ter passado por diversas funções. Por não suportar mais a situação, ela pediu ajuda de um superior para ser transferida para o Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). No entanto, ela afirma que as perseguições continuaram. “Em um espaço de um ano fui transferida quatro vezes sem o meu consentimento”, detalhou.

A denúncia contra Letícia Gamboge, conforme Jaqueline, foi registrada em março deste ano. “Denunciei ela por assédio na Ouvidoria Geral do Estado de Minas Gerais (OGE-MG) no dia 9 de março, um dia após o Dia Internacional da Mulher, por assédio moral. Eu não vejo solução para o que vivo na polícia. É abuso em cima de abuso. Não tem o que fazer”, disse. Ao concluir a fala, Jaqueline ressaltou que teme que o pior aconteça com ela. “Eu tenho muito medo dela e do policial que me assediou. Já pedi medida protetiva contra os dois. Tenho medo sobre o que podem fazer contra mim”.

Chefe da PC nega acusações

Diante da acusação da investigadora, a chefe da Polícia Civil, Letícia Gamboge, negou que tenha cometido o crime de assédio. “Quando cheguei ao DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) sabia da denúncia de importunação sexual sofrida pela Jaqueline. Chamei ela para conversar, e ela foi acolhida por mim e pela minha equipe. Como mulher, policial civil e mãe, era inadmissível [aceitar tal prática]. A minha história e trajetória me reverencia. Estou sendo acusada de algo que não pratiquei”.

A chefe da Polícia Civil afirmou que o último contato que teve com Jaqueline foi em dezembro de 2021. “Desculpem meu sentimento de indignação. Tenho carreira longa e estou na condição de chefe da PCMG não pela minha aparência física, nem por atributo. Acredito e tenho convicção que foi pela minha postura, pela forma que sempre tratei meus pares, delegados, investigadores, escrivães, peritos e legistas com os quais trabalhei”.

Letícia Gamboge solicitou ainda ao presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues, que sejam ouvidos todos os policiais que trabalharam com ela ao longo dos anos. “Gostaria que fossem requeridos os policiais que chefiei em todas as unidades, desde a minha primeira até a atual”, solicitou.

A PCMG esclarece que não existe medida protetiva contra a chefe da Polícia Civil.

Fonte: https://www.otempo.com.br/cidades/servidora-denuncia-chefe-da-policia-civil-por-assedio-e-diz-que-pediu-protecao-1.2994026

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