Uma rebelião está em andamento na Penitenciária Sul, em Criciúma, desde a manhã desta sexta-feira (14). Um grupo de dez apenados da galeria H rendeu dois agentes penitenciários e a psicóloga da unidade, iniciando o tumulto pouco antes das 9h.
Os presos estão munidos de uma espingarda calibre 12, que era de um dos agentes reféns. A Polícia Militar, acionada para conter o movimento, apurou que os apenados reclamam melhores condições na penitenciária. Foram chamados para reforçar a ação junto à PM de Criciúma os batalhões de Içara e Araranguá.
Um preso e dois agentes feridos
Circulam áudios nas redes sociais que teriam partido dos apenados, e em um deles é referido que há um preso ferido, depois da primeira intervenção da PM para conter o movimento rebelde. A informação é confirmada por uma fonte policial.
— Tomamos conhecimento dessa rebelião. A Polícia Militar está contornando a situação. Entendemos que se trata de uma tentativa dos presos de causarem algum tipo de comoção, por entenderem que têm alguns direitos a mais. Acontece que essa unidade é considerada de segurança máxima, e tem um esquema disciplinar muito rígido. Muitos desses presos não se adaptam e acabam se rebelando — observa a juíza titular da Vara de Execuções Penais de Criciúma, Débora Zanini.
O Serviço Aeromédico (Sarasul) prestou socorro aos dois agentes penitenciários tomados reféns, que ficaram feridos. Um deles sofreu um corte no rosto e outro teve uma lesão na mão.
A rebelião ocorre na galeria H que é uma área externa ao pavilhão principal do complexo prisional. É nessa parte da unidade que são alojados os presos líderes de facções que são encaminhados para Criciúma. — De fato, foi ali, entre esses líderes de facções, que ocorreu a rebelião — confirma a juíza.
O Bope de Florianópolis também foi convocado para a operação, e chegou pouco antes das 11h. Com eles, chegou um negociador para levar adiante as tratativas com os presos. Corpo de Bombeiros e Samu também destacaram unidades a pedido da PM.
A região onde se localiza a Penitenciária Sul, na área rural de Criciúma, no bairro Vila Maria, está com os acessos cercados pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv), que presta auxílio, embora a área não seja de sua jurisdição. Não é possível se aproximar pelas vias dos bairros São Domingos e Espigão da Pedra, por conta de bloqueios montados a dois quilômetros da unidade prisional.
Unidade lotada
A Penintenciária Sul tem 690 vagas, e encontra-se com 800 apenados. — Não chega a extrapolar tanto a capacidade. Está dentro daqueles 35% de excedentes recomendados pelo CNJ. Está no limite do razoável essa lotação — pondera a juíza Débora. — E os presos ali têm todas as condições de alimentação, abrigo e materiais de higiene. Não sabemos do que exatamente eles estão reclamando — reforça.
Um dos pedidos dos rebelados seria por um contato pessoal com a juíza, que se encontra em viagem de férias, e não está em Santa Catarina.
A penitenciária se localiza no limite de Criciúma com Araranguá e foi inaugurada em 2008. Trata-se da primeira rebelião de maior vulto na unidade, considerada uma das mais seguras do sistema prisional catarinense.
Estado se manifesta
Por nota, a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa de Santa Catarina se manifestou na manhã desta sexta, confirmando a ocorrência.
A Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa informa que houve, na manhã desta sexta-feira, um fato de subversão à ordem na Penitenciária Sul, em Criciúma. Houve pronta resposta da SAP, de forma articulada com outras forças de segurança e apoio irrestrito da Polícia Militar. A ocorrência está em andamento e novas informações serão divulgadas ao longo desta sexta-feira.