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Mulheres Policiais no Sistema Prisional de MG – Operações com Cães

por AMAFMG Agentes Fortes

Esta é a sexta turma deste curso com Policiais Penais que atuam no GOC, e conta com a presença de cinco mulheres que atuam no estado

Quebrar os preconceitos é o primeiro desafio das mulheres que querem conseguir um lugar nos grupamentos especiais das polícias. Ser qualificada e dominar as técnicas do grupo de atuação é fundamental para serem respeitadas e conseguirem trabalhar de forma igualitária com os homens. No Grupo de Operações com Cães (GOC), do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), as mulheres representam 1,27% da tropa. São cinco mulheres num total de 392 policiais penais do GOC. E elas estão participando da sexta turma do curso “Operações com Cães em Ambientes Carcerários”, que vem qualificando os policiais do estado que trabalham nos mais de 50 canis de unidades prisionais administradas pelo Depen-MG. O curso é mais uma ação da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) que, por meio da Superintendência Educacional de Segurança Pública, tem se empenhado em capacitar cada vez mais os seus servidores.

Pioneira dentro do GOC, Cláudia Moreira da Silva entrou para o grupamento há cinco anos e é servidora do Centro de Remanejamento Provisório de Governador Valadares (Ceresp GV). Para ela, fazer parte de um grupo tão importante dentro do sistema prisional é um privilégio que a deixa muito orgulhosa de si mesma. “Ser uma das poucas mulheres que atuam no GOC é algo que não consigo explicar com palavras. Ter o respeito dos outros colegas e estar aqui neste treinamento que vem acrescentando tanto é muito satisfatório; estamos aprendendo procedimentos novos, formas de treinamento e de atuação que serão padronizadas em todos os canis do estado. Isso é muito importante”, explicou.

Claúdia conta ainda que a relação de carinho e respeito com os cães sempre fez parte da sua vida e que com o trabalho de parceria a ligação só foi aumentando. “É enriquecedor ter um policial cão ao lado na hora de trabalhar. Ele é um ser fiel, que na hora de agir na intervenção ele vai agir, na hora de proteger ele vai proteger. É inexplicável a ligação que a gente cria com os cães e essa parceria é muito compensadora.”

Vanessa Fernandes está no GOC há apenas quatro meses e é a mais recente integrante do grupo. Ela atua no Complexo Penitenciário de Juiz de Fora e diz que sempre teve vontade de entrar para algum grupo de intervenção do Depen-MG, por acreditar que as mulheres podem e devem ocupar todos os espaços. “Somos cinco pioneiras no GOC e eu sinto isso como um incentivo às outras mulheres policiais penais. Temos que desmistificar que somos frágeis e que é melhor irmos para o administrativo do que para a intervenção. Nós somos muito capazes para estar em qualquer grupamento que quisermos, e eu me sinto muito honrada em fazer parte do GOC ”.

Antes de fazer parto do Grupo de Operações com Cães, Vanessa conta que não sabia como era efetivamente o trabalho executado nos canis. “Eu via a atuação dos policiais com cães nas intervenções, mas não sabia como era a rotina no preparo e treinamento dos cães. É algo árduo e que requer muita dedicação. Depois de mais de sete anos de sistema prisional, sinto como se estivesse começando outra vez com essa nova vertente de trabalho no GOC”, acrescentou.

Padronização do trabalho

O curso intensivo de 100 horas/aula tem como objetivo qualificar e padronizar os policiais penais para realizarem procedimentos operacionais com o auxílio de cães, desenvolver habilidades para que este manejo e adestramento sejam seguros, bem como preparar os animais desde o nascimento para a atuação em ambiente prisional. O conteúdo programático da formação, com aulas práticas, teóricas e treinamentos físicos, oferece dez disciplinas. Dentre elas, constam: noções de veterinária, legislação aplicada, noções de intervenção em unidades prisionais, rotinas administrativas, comportamento animal aplicado, técnicas de adestramento e Protocolo MARC 1 – Atendimento Pré-Hospitalar de Combate (APH). O Protocolo MARC 1 tem como objetivo capacitar o policial para manter vivo o operador da segurança pública que tenha sido atingido em uma situação de conflito, até a chegada em uma unidade hospitalar para socorro.

Coordenador do curso de Operações com Cães em Ambiente Carcerário, Ivo Martins, explica que se engana quem pensa que as aulas são diferentes para as mulheres. Todo o esforço físico e habilidades técnicas são cobrados igualmente de homens e mulheres. “A gente entende que, na prática, quando há necessidade de intervenção em ambientes carcerários, em uma possível agressão, um motim ou uma rebelião, não há distinção se é homem ou mulher na condução do cão. Assim, durante o treinamento nós também não podemos diferenciar. Nosso papel durante os cursos de formação ou de alinhamento é preparar todos psicologicamente, fisicamente e tecnicamente da mesma forma”, esclareceu.

Ivo ainda incentivou que mais mulheres se apresentem para compor o GOC. “Qualquer policial penal mulher pode atuar no Grupo de Operações com Cães. Basta pleitear uma vaga no canil da sua unidade. Eu acredito que o número ainda seja pequeno porque o número de unidades prisionais exclusivamente masculinas é muito maior do que as femininas ou mistas, mas quanto mais mulheres integrarem os grupos de intervenções que temos no Depen-MG outras mulheres se sentirão incentivadas a entrarem também”, finalizou.

Os cães do GOC

O Grupo de Operação com Cães do Depen-MG atua, principalmente, em parceria com o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) dentro das unidades prisionais do estado. São cerca de 300 cães que auxiliam os policiais penais em suas rotinas de trabalho, em situações de faro, segurança, imobilização e captura.

O cão de faro é especialista em localizar materiais ilícitos como drogas, aparelhos celulares ou explosivos que, porventura, tenham entrado nas unidades prisionais. Já o cão de captura é usado nas rondas de rotina ou na escolta durante o banho de sol, auxiliando em possíveis contenções, impedindo tentativas de fuga e, até mesmo, na busca e captura de foragidos.

Atualmente, a maioria dos cães que trabalham no sistema prisional mineiro é cria dos canis das próprias unidades e começa os treinamentos ainda filhote, com mais ou menos dois meses de idade. No início, os cães aprendem obediência de comandos básicos e socialização com os policiais. Conforme vão crescendo, recebem treinamentos específicos para as funções que vão desempenhar.

Na rotina dos canis, alguns cuidados simples são indispensáveis por parte dos policiais, como estabelecer períodos de descanso durante os treinos e alimentação balanceada, disponibilizar água fresca, garantir a manutenção da limpeza dos boxes onde os cães ficam, para evitar qualquer contaminação, além de prezar pelos exames rotineiros para monitorar e cuidar da saúde dos animais.

Texto e fotos: Poliane Brandão/Ascom Sejusp

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