Órgão pediu a perda do cargo público e dos direitos políticos dos denunciados
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou o ex-Diretor Adjunto e o ex-Diretor Geral do Presídio de Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte, por assédio e importunação sexual, perseguição à mulher e violência psicológica contra sete policiais penais durante a ocupação dos cargos, de 2019 até maio de 2023. Os crimes foram cometidos pelo ex-Diretor Adjunto e omitidos pelo ex-Diretor Geral, que sabia dos casos e tinha o dever de impedir os abusos.
O MPMG acolheu as denúncias das sete mulheres, que contaram relatos pessoais de assédios constantes pelos superiores, entendendo que o então Diretor Adjunto “constrangia, assediava, perseguia e, em razão disso, causava danos emocionais/psicológicos às vítimas”, diz o documento. O órgão solicitou a perda dos cargos públicos e dos direitos políticos dos denunciados. Além de ter requerido a condenação dos policiais a pagarem prejuízos morais individuais e coletivos causados às vítimas.
Os dois superiores foram afastados do Presídio de Ibirité por uma ordem judicial em maio deste ano. Nos relatos das vítimas, o ex-Diretor Adjunto usava da hierarquia profissional para realizar os abusos. As mulheres denunciaram que ele exigia que elas o chamassem de “Senhor Diretor Adjunto” e sempre o cumprimentassem com beijos e abraços.
O policial abraçava a ponto de tirar as vítimas do chão, beijava próximo à boca e cheirava o pescoço das mulheres sem consentimento, tendo proferido frases do tipo: “a senhora tem a boca mais bonita do sistema prisional”; “você está um espetáculo, seu corpo está maravilhoso”; “cadê meu beijo? Vem aqui, o que é que tem, é só um selinho”; e “o meu sonho é te ver trabalhar de legging branca para ver o tamanho do seu corpo”.
Dinheiro por sexo
Em uma das situações, o ex-Diretor Adjunto teria oferecido R$ 20 mil em troca de sexo com uma das servidoras. Durante o plantão de trabalho no Presídio de Ibirité, o denunciado tocou a campainha e, ao ser atendido na portaria da unidade por três policiais, disse: “oi, vim para íntima, qual das três vai para a íntima comigo? Eu estou pagando R$ 20.000,00 reais”. Mesmo sendo repreendido, ele não parou: “olha só meninas, quanto mais brava ela fica, mais ela me provoca, agora estou pagando R$ 50.000,00”.
Represálias e abuso de poder
Segundo o documento do MPMG, as policiais penais que se recusavam a se submeter às exigências abusivas do superior eram perseguidas por ele. O denunciado as repreendia em avaliações de desempenho, retirando pontos e fazendo anotações com o argumento de que elas tinham “dificuldades no relacionamento interpessoal” e/ou seriam “insubordinadas”.
Além disso, após a negativa, as mulheres eram ridicularizadas. Em uma das situações, o policial disse que as agentes femininas serviam apenas para tarefas domésticas, fazer fofoca e limpar a cozinha. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou um inquérito para investigar o caso.
Fonte: https://www.otempo.com.br/cidades/mp-denuncia-ex-diretores-de-cadeia-de-ibirite-por-abuso-sexual-so-um-selinho-1.3299206