Operação envolveu PM, PRF e o Bope e apreendeu armas, coletes e granadas
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Policiais veem indícios de que grupo esteve por trás de outros assaltos a bancos ocorridos em Criciúma e Uberaba
Polícia suspeita que assaltantes mortos em MG participaram do roubo em Araçatuba
A Polícia Militar de Minas Gerais suspeita que parte da quadrilha que foi morta em troca de tiros na manhã deste domingo em Varginha, no Sul de Minas, participou de outros roubos a banco em ações chamadas de “novo cangaço”. Ao todo, 25 suspeitos morreram numa operação conjunta entre a Polícia Militar (PM), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Não há registro de policiais feridos.
“Pela quantidade de armamento apreendido, tudo leva a crer que seja a mesma quadrilha de Criciúma, Araçatuba e Uberaba, em 2017”, disse o tenente-coronel Rodolfo César Morotti Fernandes, do Bope, em coletiva de imprensa na tarde deste domingo. “Pelo nível de organização, material utilizado, se trata de uma grande quadrilha. Não são amadores”.
O comandante do Bope fez referência a um roubo ocorrido em novembro de 2020 em Criciúma (SC), quando foram roubados R$ 125 milhões, e ao assalto em Araçatuba (SP), em agosto, que deixou três mortos e quatro feridos. Moradores foram amarrados nos tetos de carros, para serem usados de “escudos”. A estimativa é que R$ 7 milhões tenham sido levados pelos criminosos.
“Em Araçatuba, os veículos foram pintados de preto. Um dos veículos que apreendemos já estava sendo pintado de preto e foram encontrados vários spray de tinta preta, o que mostra uma semelhança”, afirmou.
Já no roubo de Uberaba, ocorrido em novembro de 2017, estima-se que cerca de R$ 20 milhões tenham sido levados de uma transportadora de dinheiro.
Segundo a polícia, o grupo planejava fazer um novo assalto no feriado de Finados. Os alvos seriam, de acordo com policiais, o Centro de Redistribuição de Dinheiro, no Banco de Brasil de Varginha, ou alguma empresa de transporte de valores.
Os assaltantes foram descobertos após denúncias anônimas. De acordo com o tenente-coronel Rodolfo, os policiais começaram a investigar sítios em que havia muitos carros estacionados e pouco sinal de festa ou movimento. Segundo ele, ainda será investigado de onde veio o armamento de grosso calibre apreendido:
“Muitas vezes essa quadrilha usa armamento alugado. Ainda não sabemos”.
Ao menos cinco criminosos já teriam sido identificados, segundo os agentes.
Os policiais não descartam que os suspeitam tenham recebido informações de funcionários do banco ou da transportadora de valores para saber que havia uma grande quantidade de dinheiro na região. O tentente-coronel Rodolfo salientou que a operação foi integrada com a Polícia Rodoviária Federal e outros setores da segurança pública.
“O sucesso da operação que frustrou a ação de uma organização criminosa que poderia ter danos incalculáveis para a cidade e as pessoas foi respondida com uma ação integrada, precisa, onde nenhum policial nem nenhum inocente foram feridos”, disse o tenente-coronel.
A PRF afirmou que as investigações começaram depois que os agentes notaram uma movimentação anormal de veículos em Varginha e região. Ainda segundo a PRF, os confrontos com os homens ocorreram em duas abordagens diferentes. Na primeira, 18 suspeitos foram mortos após atacar, segundo a polícia, equipes da PRF e da PM. Em outra localidade, outros sete suspeitos foram mortos após troca de tiros.
Segundo a polícia, os dois sítios estavam localizados em extremos diferentes da cidade, provavelmente para faciltar a rota de fuga caso algo desse errado. Ainda de acordo com os agentes, criminosos tentaram fugir ao serem surpreendidos, mas a tentativa foi frustrada pelos policiais que cercaram os locais.
“A ideia era fazer a prisão, mas a partir do momento que notaram a presença dos policiais, eles partiram para o confronto. Daí se justifica a presença dos grupamentos especiais, porque os criminosos tinham armamento de guerra. Muita gasolina, explosivos. A ideia dos criminosos era fazer uma grande ação em Varginha ou região que poderia trazer números desastrosos como já presenciamos em ações anteriores”, disse o inspetor da PRF, Aristides Junior.
“A polícia reagiu a uma ação injusta dos criminosos. Basta olhar o armamento exposto ali fora e o comportamento desses criminosos em não quererem se entregar. Eles partiram para o confronto, pagaram para ver. Fizeram assim em todas as cidades que atuaram. Em todas partiram para o confronto, com armamento pesado. O que temos a comemorar é que nenhum cidadão da região foi ferido, e nenhum policial que participação da ação teve ferimento, e isso para nós é o mais importante. Se os criminosos optaram por partir para o confronto, eles sabiam dos riscos”, adicionou o inspetor da PRF.
“Em Minas, a criminalidade não tem vez”, escreveu. “As forças de segurança do Estado trabalham com inteligência e integração para impedir ações criminosas”, finalizou.
Segundo Zema, a operação “antecipou bandidos do chamado ‘novo cangaço’ em uma das maiores operações da história no combate a esse tipo de crime.”