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Medo gerado por tiroteio em BH pode impactar saúde e aprendizado de moradores

por AMAFMG Agentes Fortes

Segundo especialista em Segurança Pública, violência, até então incomum no local, é reflexo da mudança na dinâmica do crime organizado

O clima de medo e insegurança vivido por moradores do bairro Guarani, na região Norte de Belo Horizonte, onde um tiroteio quase tirou a vida de uma criança de 2 anos e 8 meses, nessa quarta-feira (27 de setembro), pode gerar impactos à saúde e ao aprendizado da população. A avaliação é da especialista em Segurança Pública, Ludmila Ribeiro, que aponta que a violência, até então incomum no local, é reflexo da mudança na dinâmica do crime organizado, que tem se espalhado pela cidade.

Criança foi atingida durante tiroteio — Foto: Reprodução

“Esse tipo de tiroteio causa enorme insegurança porque são imprevisíveis. Há uma dinâmica de violência que não envolve toda população de uma área, e os moradores acabam não conseguindo prever quando vão haver disputas. Essas pessoas acabam sempre marcadas por medo. Uma pesquisa feita com base na violência e nos casos de crianças atingidas por bala perdida no Rio de Janeiro já mostra que pessoas dessas áreas têm maior possibilidade de desenvolver problemas de saúde”, avalia. 

A insegurança tomou conta dos moradores após um homem, de 28 anos, ser alvo de diversos disparos de arma de fogo no meio da rua Itaverava. Durante o tiroteio, uma criança de 2 anos que passava pelo local na companhia da avó foi atingida. O menino foi levado para a UPA Norte e, depois, transferido para o Hospital Odilon Behrens.Familiares afirmam que o quadro de saúde é estável. No dia seguinte ao crime, os moradores relataram ter medo e pediram anonimato ao falar sobre o assunto, já que a hipótese levantada entre a comunidade para a motivação do crime seria tráfico de drogas. “A gente fica assustado, aqui nunca aconteceu nada assim, sempre é uma ‘paradeza’, dá medo demais”, completa uma mulher, que preferiu não se identificar. 

Alunos em risco

A 500 metros da cena do crime, está um colégio. Era o horário de saída de dezenas de crianças, que tiveram que correr para não serem atingidas pelos disparos. Na escola não quiseram se pronunciar sobre o ocorrido. Para Ludmila Ribeiro, o cenário acaba criando nas famílias um medo de perda de vidas, inclusive, em relação às crianças. “Isso traz o medo de perda da vida e das crianças. No Rio de Janeiro é um caso extremo, onde temos perdas de aulas, de vidas de estudantes. Além disso, estudos apontam a perda de capacidade cognitiva dessas crianças que são inseridas em atos violentos”, aponta. 

Para a pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública,  o caso reflete uma mudança na dinâmica do crime organizado. “Isso não era comum em BH e o simples fato de acontecer mostra mudança na dinâmica dos crimes, mostra como essas pessoas que já são vulneráveis se tornam mais vulneráveis em razão da violência que não as envolve. As organizações criminosas estão se tornando mais armadas e mais conflituosas. O crime organizado está se espalhando pela cidade, trazendo essa insegurança”, pontua.

Para a especialista, é preciso que as forças de segurança tomem medidas visíveis para que a população volte a sentir segurança. “Primeiro precisamos de um desarmamento sério das pessoas que residem nessa área e em toda a cidade para diminuir agressões que resultem em morte. A segunda é fazer um mapeamento de onde acontecem esses novos conflitos porque se houve uma disputa pode ter outras, então estratégias de segurança. Medidas de aproximação da PM com a população para trazer maior conforto e acalmar um pouco a população precisa sentir que algo está sendo feito. Já na escola é necessário promover debates. Sem isso é difícil garantir essa tranquilidade”, ressalta.

O que diz a PM?

Em nota, a Polícia Militar de Minas (PMMG) disse, por intermédio do Comando de Policiamento da Capital, tão logo foi acionada tomou todas as providências policiais necessárias para os trabalhos periciais da Polícia Civil. Além disso, a PM afirma que estão sendo feitos os rastreamentos para a localização e prisão de possíveis autores, a partir dos levantamentos de inteligência de segurança pública, de modo que a investigação posterior sobre o ocorrido caberá à Polícia Judiciária.

A instituição garante ainda que permanece com policiamento “ostensivo ininterrupto e intensificado inclusive, por meio de ações e operações policiais, com todos os serviços do portfólio Institucional da 1ª RPM, voltados para a prevenção de novos delitos e a repressão qualificada, a fim de garantir a segurança da população naquela área”.

FONTE: https://www.otempo.com.br/cidades/medo-gerado-por-tiroteio-em-bh-pode-impactar-saude-e-aprendizado-de-moradores-1.3243439

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