Pessoas ligadas ao preso Antônio José Muller Júnior, o Granada, integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), afirmam que ele está há 10 dias em greve de fome na Penitenciária Federal de Brasília. As mesmas fontes disseram ao UOL que outros presos da Ala C, incluindo Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, e detentos da ala D não saem para o banho de sol também há 10 dias, em solidariedade a Granada.
Os presidiários reivindicam a volta das visitas ou então a visita virtual, além do retorno do atendimento semanal com os advogados no parlatório da unidade prisional. Parentes de presos contaram à reportagem que enquanto durar a greve de fome de Granada, os detentos das alas C e D não vão sair para ao pátio do banho de sol. As visitas foram suspensas em meados de março deste ano, por determinação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para combater a possível proliferação de coronavírus nas prisões em todo o país.
Os presos da Penitenciária Federal de Brasília estão isolados há cinco meses por causa do risco da pandemia. O único contato deles com os parentes é por meio de uma carta virtual semanal. A mensagem pode ter no máximo três linhas e é monitorada por funcionários e pela direção do presídio. A censura é rigorosa justamente para evitar que os presos possam passar recados codificados para outros criminosos em liberdade ou recolhidos em outras prisões.
Mesmo idosos passam por revista íntima.
A segurança é severa nos presídios federais. Em Brasília o rigor é maior ainda porque lá estão os presos apontados pelas autoridades como os de extrema periculosidade. Familiares dos prisioneiros de Brasília passam por ao menos três detectores de metal e um scanner corporal assim que entram na unidade. Antes de seguirem para o parlatório são submetidos à revista íntima. Na penitenciária é praticamente impossível entrar com bilhetes, celulares ou drogas escondidos em órgãos genitais ou nos cabelos e em meio às roupas.
A revista íntima é considerada vexatória e constrangedora para os familiares de presos. Todos os visitantes — inclusive idosos — são obrigados a ficarem nus diante de funcionários e a fazer flexões agachados para provar que nada escondem nos órgãos genitais. Antônio José Muller Júnior é condenado a 36 anos, 11 meses e 15 dias por roubos e homicídio. No início do mês passado, o juiz substituto da 15ª Vara Federal de Brasília, Rodrigo Parente Paiva Bentemuller, indeferiu o pedido de livramento condicional para o preso.
O UOL enviou email para o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), responsável pelos presídios federais, indagando sobre a greve de fome de Granada e o movimento solidário dos presos das Alas C e D, mas não teve resposta do órgão até a conclusão desta reportagem.