A escolha das mulheres era feita por intermédio do celular do ex-diretor-adjunto da penitenciária, detido no início deste mês com outros três envolvidos em esquema de corrupção, em operação realizada pelo Ministério Público
Detentos de um presídio do Espírito Santo podiam escolher garotas de programa em catálogo de um site e pagar para ter visitas íntimas com elas. Há informações de que um dos presos chegou a filmar o encontro, e posteriormente relatou para outros colegas do cárcere. Os fatos aconteceram na Penitenciária de Segurança Máxima I (PSMA-1), em Viana, onde foi realizada no início deste mês a Operação Philia, que resultou na prisão do ex-diretor-adjunto da unidade, de um servidor público e uma advogada. Há ainda a participação de um detento.As investigações apontam que a escolha das mulheres ocorria por intermédio do celular do ex-diretor-adjunto, onde o site era apresentado aos presos, especialmente aos que, por motivos variados, não tinham acesso à visita íntima. Pelo serviço eram cobrados dos detentos valores entre R$2.500 e R$3.000. Não há informações do quanto era pago às mulheres escolhidas.O esquema acabou gerando desgaste e confusão com o movimento das famílias e mulheres de outros detentos, que precisam passar por todos os protocolos de segurança para ter acesso à unidade prisional e até para visita íntima com seus maridos. E o mesmo, alegam, não ocorria com outros presos que pagavam pelas regalias e tinham livre acesso a garotas de programa durante o período em que o esquema estava sendo posto em prática na PSMA-1, entre novembro e dezembro de 2022.Os fatos foram relatados em processo que tramita na Justiça estadual, que aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) contra os quatro acusados, o que os tornou réus em ação penal. O documento aponta que os envolvidos no esquema são:
- Rafael Lopes Cavalcanti Ribeiro – ex-diretor adjunto da Penitenciária de Segurança Máxima I, conhecido como Bombadão ou Thor, foi apontado como um dos mentores do esquema e responsável por sua ampliação na unidade durante as férias do diretor titular.Leonardo Pessigatt Rodrigues – detento, passou por várias unidades, e estava na Máxima I quando os fatos ocorreram. Era quem fazia a negociação dos benefícios com os demais presos. Lançava mão dos contatos do pai e da advogada para receber o pagamento dos presos por intermédio de seus familiares. Jairo Gonçalves Rodrigues – aposentado, se apresentava como assessor parlamentar, é pai do detento Leonardo. Na decisão judicial relata que ele chegava a ter acesso a parte administrativa do presídio para falar com seu filho, preso da unidade, e também negociar a compra dos benefícios com outros presos. Também exercia, segundo a investigação, a função de “coletor” dos valores pagos pelos detentos ou seus familiares.Mariana de Sousa Loyola Belmont – advogada, é casada com um outro preso. Seu marido chegou a ser incluído no projeto para garantir os benefícios, mas não conseguiu fazer o pagamento exigido. A investigação aponta que ela era uma das “coletoras” dos valores pagos pelos presos para terem acesso aos esquema.
Fonte: https://www.agazeta.com.br/colunas/vilmara-fernandes/garotas-de-programa-eram-oferecidas-em-catalogo-a-detentos-em-presidio-do-es-0224