Documento com o decreto de prisão revela nomes dos 23 alvos. Veja a lista completa.
Por AMAF-MG — Belo Horizonte
10/08/2021 09h40
O documento da Justiça que decretou as prisões da Operação Panóptico, da Polícia Federal, revela que o diretor-adjunto da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Marco Aurélio Francisco Júnior, foi um dos alvos de busca e apreensão.
Ele foi citado como ciente do esquema de vendas de vagas no sistema prisional e também em um episódio de transferência de R$ 50 mil da esposa dele para uma sobrinha, de 8 anos de idade.
Ao todo, foram decretadas 23 prisões (veja a lista completa dos alvos abaixo). Os alvos são investigados pela participação de forma associada em práticas criminosas, suspeitos de receber vantagens indevidas em troca de vagas em celas especiais e transferências de detentos para presídios melhores.
O esquema teria a intermediação de advogados e policiais penais, além da negociação entre presos e a cúpula do sistema prisional.
Mensagens em um celular apreendido durante uma operação de rotina na penitenciária deram início às investigações.
As conversas teriam comprovantes de depósitos em dinheiro em nome de Ione Mendonça Eustáquio, esposa do policial penal Humberto Eustáquio de Souza. Dois desses comprovantes somam R$ 5 mil. Segundo as investigações, os valores fazem parte do esquema de corrupção no sistema penitenciário e do tráfico de drogas.
Policiais se preparando para a Operação Panóptico — Foto: Polícia Federal/Divulgação
O decreto também cita fugas de presos da penitenciária, que é de segurança máxima, e a suspeita de que elas foram vendidas a Sonny Clay Dutra, considerado o maior traficante do estado. Ele também teve a prisão preventiva decretada na operação realizada na semana passada.
Outro alvo preso na operação por envolvimento nas transferências é Luiz Felipe Pinheiro dos Santos, diretor de gestão de vagas do Departamento Penitenciário do Estado. Em uma conversa entre policiais penais, um deles contou ter conseguido quatro transferências com Luiz, que, segundo o documento, seria Luiz Felipe. Cada transferência custou R$ 10 mil.
O ex-diretor da Nelson Hungria, Rodrigo Clemente Malaquias, também foi preso. Malaquias é citado em diálogos em que outros investigados afirmam que as transferências envolvendo a penitenciária precisavam de autorização dele.
As conversas também citam Malaquias na partilha de valores recebidos pelas transferências. O ex-diretor já tinha sido preso em outubro do ano passado, na Operação Alegria, que levou até a operação da última quinta-feira (5). Ele é apontado como o articulador do esquema de compra e venda de vagas.
Para o especialista em segurança pública, Luis Flávio Sapori, o sistema prisional em Minas Gerais ainda precisa avançar muito.
“Desafios ainda são grandes, principalmente do ponto de vista tecnológico. Acho que a prioridade em Minas Gerais deve ser a melhora, tecnologia da segurança, vigilância, pra diminuir a oportunidade de corrupção, de abuso de poder, dentro do sistema”, explicou o especialista.
A lista com 23 mandados de prisão preventiva tem nomes de detentos, familiares, advogados, policiais penais e pessoas ligadas à cúpula do sistema penitenciário em Minas Gerais.
Veja lista completa:
1 – Humberto Eustáquio de Sousa (policial penal)
2 – Ione Mendonça Eustáquio (esposa de Humberto)
3 – Abner Luis de Lima
4 – Willane do Carmo Ferreira
5 – Wesley Soares Lacerda (advogado)
6 – Breno Henrique Gonçalves de Barcelos
7 – Clayton Costa de Souza
8 – Valdinei Luiz Barrense (detento)
9 – Fábio Del Giudice (detento)
10 – Alberto Alves Celestrino (detento)
11 – Augusto Alves Celestrino (detento)
12 – Admilson Aparecido Duarte (policial penal)
13 – Davi Carlos Brunes (detento)
14 – Rafael Michel Bibiano (detento)
15 – Luiz Felipe Pinheiro dos Santos (Diretor de Gestão de Vagas do Departamento Penitenciário – MG)
16 – Rodrigo Clemente Malaquias (ex-diretor CPNH)
17 – Fábio de Souza (detento)
18 – Keitiellen Nayara Soares Novaes Diniz (advogada)
19 – Marcos Junio Liberato (ex-agente de segurança penitenciária)
20 – Sonny Clay Dutra (considerado maior traficante de Minas)
21 – Londe José da Silva Neto (detento)
22 – Ana Paula Carvalho Silva
23 – Caio Márcio Ferreira Couto (ex-assessor parlamentar)