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Detenta é estuprada e torturada por Policial Penal MG – Segundo ela

por AMAFMG Agentes Fortes

Policial penal é denunciado por duas ex-detentas

Uma detenta que estava presa na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro denunciou estupros a ela e a outra mulher, no final de 2021. O autor, segundo ela, é um policial penal.

As duas estavam em uma cela de triagem, isoladas das demais presas, por estarem sendo ameaçadas de morte do PCC. Os abusos, segundo a denúncia, aconteciam sempre à noite. O policial penal suspeito de cometer os estupros apagava as luzes do corredor para não ser flagrado pelas câmeras.

Colegas do policial penal ouvidos no processo dizem que achavam estranho o comportamento dele de apagar as luzes do corredor. No dia 25 de dezembro de 2021, quando as denúncias foram reveladas no presídio, a equipe de segurança achou um panetone e um refrigerante na cela das duas detentas, produtos que teriam sido deixados pelo suspeito, o que não é autorizado.

Além da bebida e do doce de Natal, uma carta impressa, sem assinatura, foi encontrada na cela. Na carta, há confissões do estupro e relatos obscenos e chocantes.

Uma das detentas, ambas já em liberdade. A mulher diz que policial ofereceu ajuda para a sobrevivência dela no presídio. “Posso ajudar vocês aqui dentro, da mesma forma que posso atrapalhar. Tenho um contato aqui dentro tanto da parte boa quanto da parte ruim. Eu quero ver vocês peladas”, disse a ex-detenta. “Repreendi, surpreendi, saí de lá e falei que ia começar a gritar. Ele falou que, se eu gritasse, ele estragaria a minha vida. Disse que tinha o nome do meu filho, do marido da outra detenta”, disse.

Ainda de acordo com ela, o filho e o marido da colega de cela estavam presos. Por isso, o policial penal ameaçou. “Ele falou que poderia ligar para os colegas dele de trabalho e poderia fazer meu filho e o marido dela de ‘bonequinha’. Poderia falar que eles eram estupradores, coisa que eles não são. Por um filho, me submeti, tirei a roupa, ele me viu pelada, tirou fotos no telefone dele”, lembra a mulher.

A ex-detenta revela, ainda, que o policial não se contentou com as fotos. “Ele voltou bem mais tarde, já com a luz apagada, já me chamou perto da grade, eu fui”, conta. “Ele já rasgou minha roupa, da mesma forma que ele fez comigo, ele fez com a outra detenta. Ele penetrou em mim e nela. Aí começou a série. Aconteceu pela primeira vez, quando foi pela segunda vez, não estava aguentando mais, estava com medo, porque depois de três dias, seria o plantão dele novamente”, explica. Ela afirma que ingeriu quase 100 comprimidos de um sedativo. “Tentei suicídio”, diz a mulher.

A denunciante conta, ainda, que foi entubada e, assim que saiu do hospital, denunciou o caso na inteligência do presídio. “Contei o que estava acontecendo, eles não deram credibilidade. Quando ele voltou, já sabia o que eu tinha falado na inteligência”, afirma.

Segundo ela, o policial penal a abordou, demonstrando ira pelo fato de ter sido denunciado. “Ele disse: hoje eu vou entrar na cela e hoje eu quero sexo anal. Aí me desesperei. Começaram os abusos novamente”, conta. “O terceiro abuso foi na véspera de Natal, do dia 24 para o dia 25. Tinha poucos agentes”, lembra.

Tortura

Após a revelação do caso, no dia 25 de dezembro de 2021, as duas presas alegam terem sofrido tortura e perseguição por parte do policial penal e de um primo, que também atua nessa função.
Elas ficaram uma cela ainda mais isolada, sem ter direito nem a banho de sol.

“Ele me ofereceu R$ 2 mil e R$ 2 mil para ela, para a gente retirar a queixa. Eu falei que o meu caráter não tinha preço. Foi quando começaram as torturas”, conta. “Nos plantões, em que ele era coordenador, ele não dava alimentação. A gente não quis tirar a queixa e ele começou a discutir comigo, me colocou para fora, me deu uma cacetada, caí de cara no chão e quebrei meu dente. Ele me bateu lá dentro. Ele me torturou. O que ele fez foi desumano. Vivi o terror”, conta. “Hoje, tomo muito remédio, faço tratamento com psiquiatra. Depois de tudo que aconteceu, tomei medo de tudo e de todos”.

O advogado Gregório Andrade, que representa as denunciantes, diz que o processo está na fase de Audiência de Instrução e Julgamento, já que a primeira, em dezembro, foi cancelada por suspeição do juiz. A próxima audiência está marcada para novembro.

“É bom deixar claro que não sou contra a Polícia Penal, não sou contra a instituição, sou contra os maus policiais. Esse caso veio à tona, porque houve policiais penais que não compactuaram com esse cidadão, que era o diretor, o ‘manda-chuva’ daquele presídio”, disse o advogado. “Esse cidadão é um psicopata, um tarado, um estuprador. Quando a gente lê o processo, ele é medonho, causa asco. E acho que foi até isso que os colegas de farda dele não admitiram”, disse.

Sejusp

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) informa que, na época do ocorrido, a direção da unidade prisional instaurou um procedimento interno para apurar administrativamente a ocorrência. Esse procedimento foi concluído e enviado para a corregedoria da Sejusp, para as medidas cabíveis, além de ser informado também ao Ministério Público.

Ainda conforme a nota, o procedimento encontra-se em trâmite administrativo, já em fase final no núcleo de correção administrativa da Sejusp.

O servidor está afastado de suas funções e proibido de acessar qualquer unidade prisional de Uberlândia.

A defesa do policial penal acusado afirma que o cliente está sofrendo perseguição. Em nota, destacou que o policial é um funcionário público exemplar, que sequer teve qualquer falta anotada em mais de uma década de serviços prestados.

Fonte: Itatiaia

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