Prisão de advogada com equipamento na bolsa levou à descoberta de esquema criminoso na Secretaria de Administração Penitenciária. Agente foi afastado e uma sindicância foi aberta.
A polícia descobriu um esquema para que bandidos se livrem de tornozeleiras eletrônicas. Um agente penitenciário ganhava dinheiro para deixar o aparelho frouxo. Com isso, presos conseguiam deixar a tornozeleira em casa, em bolsas e até mesmo presos a cachorros.
Uma mulher carregava a tornozeleira eletrônica em uma nécessaire. A descoberta foi feita pela polícia no início de abril.
A advogada Simone Pontes de Melo foi detida no estacionamento de um shopping na Barra da Tijuca. Condenada a 14 anos de prisão por matar o marido, ela cumpria a pena em regime semiaberto.
Mas a tornozeleira eletrônica que ela deveria usar estava guardada como se fosse maquiagem, dentro da bolsa dela.
Inquérito da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) descobriu que a advogada negociou com o agente penitenciário Douglas Reis de Andrade.
Em depoimento, Simone disse que do jeito que a tornozeleira foi instalada por Andrade ela conseguia retirá-la com facilidade. Falou ainda que o agente pediu à advogada que indicasse outros presos.
Uma testemunha revelou que Andrade passou então a cobrar entre R$ 20 e R$ 30 mil para instalar cada tornozeleira eletrônica de uma forma que pudesse ser retirada.
A prisão da advogada com a tornozeleira na nécessaire levou a Polícia Civil e a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) a descobrirem um esquema de irregularidades bem maior.
Os registros de movimentação da Seap indicam que centenas de condenados passam o dia com os equipamentos completamente parados. Outra suspeita é que as tornozeleiras estejam sendo penduradas em cachorros e outros animais para enganar o sistema de segurança.
“A pessoa instala a tornozeleira no cachorro, que anda pela casa, no quintal, e a tornozeleira fica com uma movimentação parecida com a de uma pessoa dentro de casa”, disse o delegado Rodrigo Coelho.
O agente Douglas Reis de Andrade foi afastado da função na Seap.
Simone prestou depoimento e foi liberada com uma nova tornozeleira. Agora, a Justiça determinou que a advogada volte para a cadeia. Mas o sinal da tornozeleira desapareceu, e ela também.
O que dizem os citados
A Secretaria de Administração Penitenciária afastou o inspetor de polícia penal investigado e abriu sindicância para apurar as responsabilidades dele.
Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/05/25/agente-penal-cobrava-r-30-mil-para-afrouxar-tornozeleiras-e-presos-burlavam-vigilancia-amarrando-acessorio-ate-em-cachorros.ghtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=share-bar-&utm_campaign=materias